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1. Semelhança de cossenos

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A semelhança de cossenos é uma medida fundamental na compreensão da relação entre palavras em processamento de linguagem natural. Essa técnica é amplamente utilizada para avaliar o quão semelhantes duas palavras são em termos de significado, com base em suas representações vetoriais. Vamos explorar como isso funciona, utilizando um exemplo simples com vetores one-hot.

1.1. Conceito Básico

A semelhança de cossenos mede o cosseno do ângulo entre dois vetores no espaço multidimensional. Valores próximos a 1 indicam um alto grau de semelhança, enquanto valores próximos a 0 indicam pouca ou nenhuma semelhança.

1.2. Exemplo

Em PLN, uma forma comum de representar palavras é por meio de vetores one-hot. Neste método, cada palavra do vocabulário é representada por um vetor onde apenas um elemento é 1 e todos os outros são 0. O tamanho do vetor é igual ao número de palavras no vocabulário.

Suponha que temos um vocabulário simples com apenas três palavras: ["gato", "cachorro", "ave"].

  • O vetor one-hot para "gato" seria [1, 0, 0].
  • Para "cachorro", [0, 1, 0].
  • E para "ave", [0, 0, 1].

Calculando a Semelhança

Para calcular a semelhança de cossenos entre duas palavras, primeiro representamos essas palavras como vetores one-hot. Em seguida, usamos a fórmula da semelhança de cossenos:

Semelhanc¸a=ABAB\text{Semelhança} = \frac{A \cdot B}{\|A\| \|B\|}

onde ( A ) e ( B ) são vetores e ( |A| ) e ( |B| ) são as normas desses vetores.

Exemplo de Cálculo

Vamos calcular a semelhança entre "gato" e "cachorro":

  • Vetores one-hot: "gato" = [1, 0, 0], "cachorro" = [0, 1, 0].
  • Produto escalar: [1, 0, 0] · [0, 1, 0] = 0.
  • Normas: | [1, 0, 0] | = 1, | [0, 1, 0] | = 1.
  • Semelhança de cossenos: 0 / (1 * 1) = 0.

A semelhança de cossenos entre "gato" e "cachorro" é 0, indicando que, de acordo com essa representação, as palavras são completamente diferentes. Este é um exemplo básico e, na prática, métodos mais sofisticados como vetores densos (word embeddings) são utilizados para capturar melhor as nuances semânticas entre as palavras.

2. Vector embeddings

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Após entendermos como a semelhança de cossenos é aplicada usando vetores one-hot para representar palavras, vamos avançar para um conceito mais sofisticado e poderoso em processamento de linguagem natural: o uso de redes neurais para criar vetores de incorporação, conhecidos como embeddings. Esses embeddings capturam muito mais do contexto e do significado semântico das palavras do que os vetores one-hot.

2.1. Introdução aos Embeddings de Palavras

Embeddings de palavras são representações vetoriais densas onde palavras com significados ou contextos semelhantes têm representações semelhantes. Diferente dos vetores one-hot, que são esparsos e de grande dimensão, embeddings são compactos e contínuos, permitindo que nuances e relações semânticas sejam capturadas de forma mais eficiente.

2.2. O Papel das Redes Neurais

Redes neurais, especialmente as redes neurais profundas, são cruciais na geração desses embeddings. Um modelo popular para isso é o Word2Vec, que utiliza uma rede neural simples para aprender representações vetoriais de palavras a partir de grandes conjuntos de dados textuais. O modelo pode ser treinado de duas maneiras: Skip-gram e Continuous Bag of Words (CBOW). Ambos os métodos visam prever palavras com base em seu contexto (ou vice-versa), e através desse processo, o modelo aprende embeddings que refletem os padrões semânticos e sintáticos das palavras.

2.3. Aplicação ao Nosso Exemplo

Retomando o nosso exemplo anterior com o vocabulário ["gato", "cachorro", "ave"], ao invés de usar vetores one-hot, empregamos uma rede neural para aprender embeddings para estas palavras. Suponha que após o treinamento, obtemos os seguintes embeddings:

  • "gato": [0.8, -0.1, 0.3]
  • "cachorro": [0.7, -0.2, 0.4]
  • "ave": [-0.1, 0.9, -0.5]

Note que estes vetores são mais densos e contêm valores em todas as dimensões.

2.4. Comparando com a Semelhança de Cossenos

Agora, se calculássemos a semelhança de cossenos entre "gato" e "cachorro" usando esses embeddings, o resultado seria significativamente diferente do exemplo com vetores one-hot. Aqui, os vetores não são ortogonais e, portanto, a semelhança de cossenos não seria 0, indicando uma maior semelhança semântica entre as palavras.

3. Seq2seq e Encoder/Decoder

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Dando sequência aos tópicos abordados anteriormente sobre a semelhança de cossenos com vetores one-hot e o uso de redes neurais para criar embeddings de palavras, vamos explorar agora uma aplicação avançada dessas tecnologias no campo do processamento de linguagem natural: as tarefas de sequência para sequência (seq2seq) com arquiteturas de encoder-decoder, utilizando camadas de embeddings e redes LSTM (Long Short-Term Memory).

3.1. Tarefas Seq2Seq

As tarefas seq2seq envolvem a conversão de uma sequência de entrada em uma sequência de saída, onde as duas sequências podem ter comprimentos diferentes. Exemplos comuns incluem tradução automática, resumo de texto e geração de legendas para imagens.

3.2. Arquitetura Encoder-Decoder

A arquitetura encoder-decoder é um framework poderoso para lidar com tarefas seq2seq. O encoder processa a sequência de entrada e compacta a informação em um vetor de contexto, uma representação densa de toda a sequência de entrada. O decoder, então, usa este vetor para gerar a sequência de saída passo a passo.

3.3. Camadas de Embeddings

As camadas de embeddings são utilizadas tanto no encoder quanto no decoder para converter palavras (ou tokens) em vetores densos. Esses embeddings são geralmente aprendidos durante o treinamento do modelo e ajudam a capturar os significados semânticos das palavras, como discutido no artigo anterior.

3.4. Redes LSTM

LSTMs são uma forma especializada de redes neurais recorrentes (RNNs) que são capazes de aprender dependências de longo prazo. Elas são ideais para tarefas seq2seq devido à sua habilidade de manter informações relevantes ao longo de sequências longas, evitando o problema de desvanecimento do gradiente, comum em RNNs tradicionais.

4. Atenção

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Continuando nossa série de artigos sobre avanços no processamento de linguagem natural, vamos agora focar em um conceito revolucionário que tem melhorado significativamente o desempenho das arquiteturas de encoder-decoder: a mecânica de atenção. Este conceito é particularmente importante em tarefas seq2seq, como tradução automática, onde a capacidade de focar em partes específicas da entrada durante a decodificação é crucial.

4.1. O Problema do Encoder-Decoder Tradicional

Nas arquiteturas encoder-decoder convencionais, todo o conteúdo da sequência de entrada é comprimido em um único vetor de contexto fixo. Esse vetor é então usado pelo decoder para gerar a sequência de saída. Um grande desafio aqui é que o vetor de contexto pode se tornar um gargalo, especialmente para sequências longas, onde é difícil para o modelo manter todas as informações relevantes apenas nesse vetor.

4.2. Introdução à Mecânica de Atenção

A mecânica de atenção foi introduzida como uma solução para o problema do vetor de contexto fixo. Em vez de forçar o modelo a depender de um único vetor de contexto, a atenção permite que o decoder foque em diferentes partes da sequência de entrada em cada etapa da decodificação. Isso é semelhante ao modo como os humanos prestam atenção a diferentes partes de uma frase ou imagem quando estão tentando entender ou responder a algo.

4.3. Como Funciona a Atenção

  1. Pontuação de Atenção: Primeiramente, o modelo calcula um conjunto de pontuações de atenção. Estas pontuações determinam o quanto o modelo deve se focar em cada parte da entrada ao gerar cada palavra da saída.

  2. Pesos de Atenção: As pontuações são então normalizadas para formar uma distribuição de probabilidade (pesos de atenção). Esses pesos decidem a importância relativa de cada palavra na entrada para a geração da próxima palavra na saída.

  3. Vetor de Contexto Dinâmico: Usando esses pesos, um vetor de contexto ponderado é gerado para cada etapa da decodificação. Esse vetor é uma combinação das representações de entrada, ponderadas pela sua relevância atual.

  4. Decodificação com Atenção: O decoder, em cada etapa, utiliza este vetor de contexto dinâmico, junto com o estado oculto anterior, para gerar a próxima palavra da sequência de saída.

4.4. Vantagens e Aplicações

A introdução da atenção melhora significativamente a capacidade dos modelos seq2seq, especialmente em tarefas como tradução automática, onde a correspondência entre as partes da entrada e da saída é crítica. Com atenção, os modelos podem se concentrar em partes relevantes da entrada para cada palavra da saída, o que é particularmente útil para lidar com frases longas e complexas.

5. Transformers

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Na sequência, chegamos a uma das inovações mais significativas recentes: os Transformers. Esta arquitetura, introduzida no artigo "Attention is All You Need" em 2017, reformulou o cenário de PLN ao demonstrar que é possível construir modelos altamente eficientes usando apenas o conceito de atenção, abandonando as redes LSTM e outros tipos de redes neurais recorrentes (RNNs) tradicionalmente usadas em tarefas seq2seq.

5.1. O Abandono de RNNs/LSTMs

Antes dos Transformers, as RNNs e suas variantes, como as LSTMs, eram a espinha dorsal para a maioria das tarefas de PLN, principalmente devido à sua habilidade de lidar com sequências de dados. No entanto, elas possuem limitações significativas, incluindo dificuldades com sequências longas e desafios no treinamento devido ao desvanecimento ou explosão do gradiente. Além disso, as RNNs processam dados sequencialmente, o que impede a paralelização, um fator chave para acelerar o treinamento de modelos.

5.2. Introdução aos Transformers

Os Transformers abordam essas limitações utilizando exclusivamente mecanismos de atenção, especificamente a atenção multi-cabeça, para processar dados. Ao contrário das RNNs/LSTMs, os Transformers processam todos os elementos da sequência de entrada simultaneamente. Essa capacidade de processamento paralelo permite um treinamento muito mais rápido e eficiente.

5.3. Arquitetura dos Transformers

A arquitetura dos Transformers é composta por um encoder e um decoder, ambos construídos com múltiplas camadas que utilizam atenção multi-cabeça e redes neurais feedforward.

  1. Atenção Multi-Cabeça: Essa abordagem permite que o modelo foque em diferentes partes da sequência de entrada de várias maneiras ao mesmo tempo. Isso enriquece a capacidade do modelo de entender e representar diferentes aspectos contextuais e semânticos da sequência.

  2. Encoder: No encoder, as camadas de atenção multi-cabeça juntamente com redes neurais feedforward processam a sequência de entrada, criando representações ricas e complexas.

  3. Decoder: No decoder, a atenção multi-cabeça é usada não apenas para focar na sequência de saída gerada até então, mas também para prestar atenção à saída do encoder, facilitando a geração de uma sequência de saída mais precisa e contextualizada.

5.4. Vantagens dos Transformers

  1. Paralelização: Ao contrário das RNNs/LSTMs, os Transformers não exigem que os dados sejam processados sequencialmente, o que permite uma paralelização substancial e, consequentemente, treinamentos mais rápidos.

  2. Escalabilidade: Os Transformers escalam melhor com o aumento do tamanho do conjunto de dados e da complexidade do modelo, o que é essencial para lidar com grandes volumes de dados de PLN.

  3. Eficiência em Sequências Longas: Eles são mais eficientes no processamento de sequências longas, evitando os problemas de memória de longo prazo associados às RNNs/LSTMs.

5.5. Impacto dos Transformers

Os Transformers rapidamente se tornaram um padrão de ouro em PLN, impulsionando avanços significativos em diversas tarefas, como tradução automática, geração de texto, entendimento de linguagem natural e muito mais. Modelos como BERT, GPT e T5, todos baseados na arquitetura Transformer, demonstraram desempenho excepcional em uma ampla gama de tarefas de PLN.